- Back to Home »
- divulgação Científica , documentários , erros »
- A prejudicial postura dos documentários científicos.
Posted by :
Thiago V. M. Guimarães
terça-feira, 23 de julho de 2013
Esse é meu último post do mês (talvez do ano) sobre esse assunto, mas como uma parte significante desse blog será voltada para leigos, então acho relevante um alerta antes de dar um tempo no assunto.
A divulgação científica cumpre um papel fundamental na sociedade que é o de auxiliar e incentivar a alfabetização científica. Porém nem tudo é tão bonito e útil assim, na verdade a divulgação científica é algo muito perigoso e, algumas vezes, ingrato.
A divulgação científica cumpre um papel fundamental na sociedade que é o de auxiliar e incentivar a alfabetização científica. Porém nem tudo é tão bonito e útil assim, na verdade a divulgação científica é algo muito perigoso e, algumas vezes, ingrato.
Quando alguém se propõe a levar o
conteúdo científico para a massa, se tem um grande desafio; pegar o
conhecimento de forma bruta e lapidá-lo até chegar à uma forma que seja
compreensível para um leigo. O primeiro problema é “como explicar um assunto
complexo sem utilizar termos técnicos e sem matemática?”. Na tentativa de realizar esse trabalho MUITOS erros são cometidos pela simplificação,
muitas generalizações e distorções são feitas para se chegar a “facilidade de
absorção do conteúdo”. Mas apesar desses encalços a divulgação científica tem
cumprido o seu papel? A resposta está longe de ser trivial e única, então
nesse texto vou expor minha opinião relacionada a documentários e revista
destinados a população de modo geral.
A divulgação científica deveria
ter por objetivo chamar a atenção do leigo para o que de fato é a ciência, o
que ela faz e como ela faz. Mas o que temos sendo divulgado à população são
matérias que se prendem em temas quase totalmente ficção científica. Não há um
documentário que aborde de forma concisa as raízes da ciência, a forma de
pensar dos cientistas, como a ciência é feita, os trabalhos sólidos e
principalmente os conceitos básicos da fenomenologia. Não adianta uma pessoa
aprender que supostamente a teoria da relatividade suporta idéias de viagens no
tempo se nem ao menos essa pessoa conhece e compreende razoavelmente os
postulados da teoria da relatividade, ou não conhece os conceitos básicos da
conservação de energia.
Em nossa página é muito comum
recebermos pedidos para tratarmos de “teorias” e aplicações psicodélicas
envolvendo a física, como a fabricação de armas de antigravidade a partir da
manipulação do gráviton (?), ou então nos depararmos com pessoas acreditando
que assuntos como universos paralelos/multiversos são amplamente aceitos no
meio científico.
Outro problema evidente advém das
simplificações nos conceitos físicos que muitas vezes chegam a estar erradas,
como o caso clássico do spin que eu mesmo já vi sendo tratado como a rotação da
partícula. Tudo bem, nesse ponto você
pode me dizer “ah, mas as pessoas irão pesquisar mais sobre o assunto e tomarão
conhecimento que não é bem sim”. Mas essa visão é um tanto romantizada, salvo
raras exceções, poucas pessoas de fato procuram por mais informações após
receberem conteúdos errados ou incompletos. Até mesmo quando se tenta buscar
mais informações você corre grandes riscos de encontrar conteúdo ainda mais
errado ou simplificado do que foi passado por documentários. Pois grande parte
do conteúdo de divulgação científica em português é feito por pessoas bem
intencionadas, mas que não conhecem muito sobre o assunto e acabam por propagar
os erros conceituais que elas absorveram.
Vejo que a divulgação científica
de grandes mídias não tem auxiliado de forma satisfatória a alfabetização
científica e também não anda tendo grande êxito no incentivo da mesma.
O problema do auxilio à
alfabetização científica é mais fácil de resolver do que o incentivo a ela,
bastava que os documentários tirassem o foco de teóricas e conseqüências
mirabolantes apenas para chamar a atenção do público leigo, dando atenção para
conceitos e fenômenos fundamentais da natureza que de fato agreguem algum
conhecimento que possa ser usado para entender fenômenos mais complexos e,
também, que se aborde as aplicações desses conceitos e o impacto social do
mesmo de forma realista.
Infelizmente essas divulgações
têm conseguido passar idéias negativas da ciência, pois facilmente uma pessoa
pode ser levada a acreditar que a ciência não passa de uma coleção de teorias
malucas baseadas em achismos de cientistas igualmente malucos, abrindo
verdadeiras brechas ao pseudocientificismo e a anticiência.
Já o incentivo a alfabetização
científica é um ponto muito crítico, pois ele reside muitas vezes na cultura
e/ou condição social de um povo e só pode ser mudado pelo esforço de um governo
comprometido com o desenvolvimento científico, tecnológico e educacional a
partir de investimento de porte, cabendo aos outros meios o auxilio nessa
difícil empreitada.
Assim, deixo ao leitor leigo
algumas dicas que você deve tomar ao assistir esses documentários e ler as
matérias de revistas e jornais:
1 – Cientistas divulgam seus
trabalhos acadêmicos em periódicos sérios como a NATURE, SCIENCE e etc, não em
livros de divulgação científica, documentários ou jornais.
2 – Muito provavelmente os
conceitos que você verá na divulgação científica foram um pouco distorcidos
para facilitar seu entendimento, portanto procure livros que tratem do assunto
de forma mais técnica e caso tenha dificuldade em compreender procure ajuda de
um amigo que trabalhe na área, use o ask pergunte ao físico, procure algum blog
confiável.
3 – Dê prioridade para livros e Blogs sérios, principalmente desses autores: Richard Feynman, Carl Sagan, Brian Greene. Veja a lista de blogs que sigo na barra no topo da página!
4 – As únicas duas séries que
conheço que até hoje cumpriram um excelente papel foram “Cosmos” e “O Universo
Mecânico”, as outras se mostraram completamente descartáveis frente a essas
duas. O problema é que eles dão muito sono.
5 – SEMPRE cheque as fontes.
Artigo sem fonte é artigo sem credibilidade NENHUMA. (sempre repare no tanto de
citações e fontes que usamos nos hiperlinks e/ou ao final dos textos)
6 – Discuta e pesquise sempre as
informações obtidas em documentários.
-----------------------
Bom, é isso, deixem seus comentários sobre o assunto que tento discutir alguns pontos com vocês.
-----------------------
Bom, é isso, deixem seus comentários sobre o assunto que tento discutir alguns pontos com vocês.
Eu concordo com você. Eu sou um leigo em ciência, mas até eu percebo um sentimentalismo nesses documentários que não condiz com o pensamento científico, principalmente nos documentários da History. O cara ali aprende que Einstein foi foda, que devemos venerá-lo como um deus, que ele foi um escolhido do universo para ajudar a humanidade, que ele tinha um cérebro diferente da maioria etc. A única coisa que o cara não aprende nesses documentários "científicos" é ciência. haha
ResponderExcluirExiste só um cara hoje em dia que, na minha opinião, faz uns documentários muito bons, ele se chama Jim Al-Khalili, da BBC. Na verdade, esse cara nem ensina ciência, mas sim a história da ciência, principalmente física, de forma imparcial (coisa rara em documentários americanos, pois eles sempre puxam saco dos conterrâneos). O Jim, por exemplo, na história de Tesla vs. Edison, não fica defendendo nenhum dos dois, simplesmente conta a história, curto e grosso, sem sentimentalismo. Assim como Carl Sagan, ele também enaltece os feitos científicos, dá as possibilidades fantásticas da ciência etc. mas sempre volta à realidade e diz onde realmente estamos. Vale à pena conferir o trabalho dele. - Um dos poucos, na verdade, que vale à pena assistir.
Não conheço Jim Al-Khalili, vou procurar alguma material, obrigado pela dica
ExcluirGostei.Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirPs:Pensei que Michio Kaku ia levar "porrada".rsrs
e ia, mas eu resolvi deixar de lado porque dá para fazer um texto só sobre isso.
ExcluirPor que o Michio Kaku?
ExcluirBruno, porque ele é um dos que mais falam besteiras;
ExcluirNão posso negar que a ciência veio para a mim como documentários. Eles ajudam mais do que atrapalham, eu comecei vendo documentários de loucuras como buracos negros e viagens no tempo. Temos que lembrar que é isso que desperta a imaginação, coisas que fogem a realidade sempre são legais, principalmente para pre-adolescentes, vocês querem atrair pessoas para a ciência mostrando integrais? não tem jeito. Tem documentário sobre tudo pessoal, se assistirem um grande número vão ver que a maioria é construtiva, dá pra aprender matemática E MUITO! Sem fala da história da ciência e da própria matemática. Como disseram acima, os documentários do History são muito ruins, diferente dos da BBC ou dos da TV escola.
ResponderExcluirRubens, concordo e discordo de você! Primeiramente existem sim documentários bons e são justamente esses documentários que me baseio ao criticar os outros. Não estou nem próximo em querer que documentários abordem integrais, isso é inclusive apelar na interpretação do que falei. O que eu estou dizendo é que a maioria dos documentários tem uma postura apenas sensacionalista, que não agrega nada a ninguém,além de transmitir muitos conceitos errados. É totalmente possível fazer um trabalho de qualidade, o que falta é responsabilidade!
ExcluirTambém não generalize por você. Infelizmente a maior parte das pessoas não busca mais informações depois que absorvem conteúdos errados e sensacionalistas. Então eles não são "portas" para a divulgação científica, mas sim empecilhos.
4 anos depois novo comentário rs
ResponderExcluirAcabei de assistir um documentário do History e saí exatamente com essa sensação de que aquilo era baboseira. Vim pesquisar se mais gente também achava isso e acabei aqui.
Acho que não tem como uma fórmula para consertar isso, vão sempre existir docs bons e ruins, ruins em maior quantidade aparentemente. O que temos que fazer procurar filtrar em meio as porcarias o que tem de bom; aí vem o trabalho de canais mais respeitáveis como esse que devem mandar uma luz, recomendando aquilo que presta. O autor recomendou dois, o segundo ainda não vi, vou ver. O amigo acima recomendou Al Khalili além dos autores que já tinham sido indicados. É isso aí, o único jeito é ir filtrando.